quarta-feira, 25 de novembro de 2009

MADRUGADA INSPIRADA e POEMAS (DI)VERSOS



INDIGESTO
isso tira O SONO
comida PESADA à noite
lembrar de um amor NÃO CORRESPONDIDO
e saber que ELE ESTÁ COM OUTRO!

06.12.2010

ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!

GRITE
QUE OS HOMENS FAÇAM SILÊNCIO
E OUÇAM O SOM DO PLANETA
OS GEMIDOS DO PLANETA
GRITE
ATÉ QUE ACORDEM OS PODEROSOS
IRRESPONSÁVEIS
RESPONSÁVEIS
POR ESSA CATÁSTROFE
SOBRE O MEIO AMBIENTE
DEVE HAVER UMA MANEIRA
MUITO SUA DE GRITAR
ENTÃO GRITE!!!
28.10.2010
Croniquinha poética

São sete horas da manhã,
estou no sétimo andar.
O Guaíra permanece em silêncio
pessoas caminham
apressadas como em São Paulo(?)
Ouço sirenes, buzinas
uma senhora no prédio em frente
olha o céu nublado, olha a avenida abaixo
franze a testa e fecha a janela.
Um jovem "skateia" sobre a calçada, passeio?
decorada de ladrilhos geométricos.

A televisão em tempos quentes anuncia segundo turno para presidente da República

E eu tendo dormido pouquíssimo
aguardo feliz e um pouco ansioso 
pelo início da segunda-feira
num Hotel em Porto Alegre.

04.10.2010 - 7h10min

Doce e alegre
Café e boa companhia
Porto Alegre
é só alegria.

04.10.2010 - 7h35min


CURVAS
Caminho por estradas cheias de curvas
e a cada curva um surpresa
às vezes boas,
mas nem sempre.
Torço sempre por uma boa nova a cada curva.
E assim vou!

30.09.2010



Por ruas...

Caminho por ruas silenciosas e cheias de curvas
e a cada curva uma surpresa
novidades
novas vidas
tropeços
e voos
Caminho por ruas de pedras
e vejo janelas de casinhas coloridas
com vasos de flores 
e senhoras simpáticas me acenam
e senhores carecas
me lembram meu avô
Seu Dé,
como era chamado.
Caminho por ruas da minha memória
desço e subo ladeiras.
Não nego meu passado
aceito meu presente
e acredito que o futuro já chegou
ou chega ainda hoje
à tarde.
Domingo - 04.07.2010


CLARA INFLUÊNCIA

Claridades de Clarice andam me iluminando e meu texto fica influenciado. É impossível não ser atingido e eu fui. Confesso que após assistir uma entrevista de 1977 - dada por Clarice Lispector -  fui arrebatado pela maneira "estranha", curiosa e singular dessa mulher falar, se expor(?)... Suas respostas são diretas, objetivas, sérias e tão cheias de humor.
Tímidez e ousadia ao mesmo tempo. Contradições presentes a todo instante. Isso pareceu-me espelho e eu me vi nela. A frase: "Assumo minha solidão" me parece tão familiar...
"Escrevo para ficar livre de mim mesma", teria ela dito numa outra ocasião. Também declarou acordar de madrugada e escrever... Ah, como faço isso.
Quando perguntaram a ela:
- Por que contiunar a escrever?
E eu sei? - Respondeu ela com seu sotaque indecifrável, meio russo, meio nordestino.
Disse uma estudiosa de sua obra que ela tinha a língua presa e que não quis fazer cirurgia pois achava que "doeria muito". 
Reconheço-me meio Clariço, claro que não como escritor, por favor sacrilégio têm limites. Clariço na alma, no pensamento, na contradição, na solidão... Sei lá, acho que todos são. Será? 
E por fim nesse trecho de um texto dela, eu me vi claramente:
"EU SOU ANTES
EU SOU QUASE
EU SOU NUNCA...
DEIXA-ME SER"



Choro

Ninguém chora mais pelo sangue
que escorre na esquina
Todos choram o tempo todo
Por todo o sangue que escorre
Em todas as esquinas.

A vida virou um só coro: o choro.

Chorar é como viver.
Se nasce, chora.
Se morre, chora.
Nascer, chorar e morrer
Virou uma coisa só.

Sorrir é descanso até o próximo choro.
24/04/96


Noite fria

Amigo
Tome
Comigo
Um
Copo
De dor

Sentemos
Naquele
Degrau
De escada

E choremos
Unidos
A solidão
De ambos
E do mundo todo
17.09.96




Sem disfarces

Indiscriminadamente
Indiscreto
Meus olhos
Te olham.
E teu olhar
ainda que secreto
Cruza o meu com o mesmo desejo
Nada disfarça o que queremos.

28.07.2009

MINHA MARCA REGISTRADA


METICULOSAMENTE
DESORGANIZADO
ESTRUTURADAMENTE
CONFUSO
ESPALHAFATOSAMENTE
TÍMIDO
GUARDO-ME,
ENTREGUE A TODOS.
SOU DONO DE MIM MESMO
EM-MIM-MESMADO
JOGO-ME SOBRE A MULTIDÃO.
E ÀS VEZES NEM SOU NOTADO.
RECOLHO-ME ENTÃO,
SOFRO CALADO,
ENQUANTO GRITO TÃO ALTO
QUE POSSO SER OUVIDO POR CENTENAS
DE PESSOAS
QUE ME ACOMPANHAM
NUM SILÊNCIO
TÃO GRAVE E PROFUNDO
QUE ME DÃO A FALSA SENSAÇÃO
DE QUE ESTOU SÓ.

SOLITARIAMENTE
ACOMPANHADO.

SIGO COMO UM VULTO
ENTRE A MULTIDÃO.
DESMANCHO COMO FUMAÇA
PORÉM MANCHO E MARCO PARA SEMPRE.
ESSE É MEU REGISTRO.

11.05.2010 1:04h

Cálice

É me dado algo amargo
Amargo num copo
Pra beber
É me dada a escolha
De vida ou morte
Um gole intragável
Dúvidas e certezas

misturadas

Olhar a vida agora
Não me permite imaginá-la
Como será depois.

Engulo, cuspo.

Depressão repentina
Me dada aos goles
Que se transforme em gotas até secar

Pai, afasta de mim esse cálice
Silêncio amedrontador
Cale-se, cálice, cale-se…
08.11.1991



Espera


A menina espera a mulher
A mulher espera o amor
A mãe espera o filho
O filho espera o mundo
O mundo espera a paz

A paz espera sua vez

A música espera o poema
O poema espera a caneta
A caneta espera o papel.
O chão espera o pé
O pé espera o descanso
O sol espera a lua
A lua espera o violão

A espera, espera a espera.

1999





O CICLO

EU CAMINHO A CADA DIA
DIA E NOITE
NOITE É UM ENCONTRO COMIGO MESMO
MESMO QUE SEJA DE INSÔNIA
INSÔNIA COMPANHEIRA
COMPANHEIRA QUE ME PERSEGUE
PERSEGUE-ME A VOCAÇÃO DE SER ARTISTA
SER ARTISTA É UM SER CONFUSO
CONFUSO ENTENDER?
ENTENDER? PRA QUÊ?
PRA QUE? SE A VIDA É PRA VIVER
VIVER É O GRANDE CONVITE
CONVITE FEITO A CADA DIA
DIA E NOITE
NOITE É UM ENCONTRO COMIGO MESMO
MESMO QUE SEJA DE INSÔNIA...
11.05.2010
0:30h - Terça-feira




ESCALADA 2

É preciso precisão
E audácia
Para escalar a montanha.
Ela está assustadoramente
Forte, insensível.
O pico é a meta.
Ultrapassá-la é romper limites.
Desafiar-se.
Determinar-se.
A relação é essa:
Eu enfrento a montanha
Ela não se abala.
Eu a desafio.
Escalo-a, passo para o outro lado.
Ela permanece.
Aguardando outro, fica para trás.
Eu sigo em frente.

15/05/98





OCEANO

Meu coração
guarda emoções profundas
às vezes
i-na-tin-gí-veis
quem vê as ondas
e
 olha
 o
horizonte imenso
 azul e verde
nem sequer imagina
as profundezas...
Meu
 coração
 é
oceânico.
27.07.2008
(às 17:50h dentro do metrô de SPaulo)


NORMALMENTE LOUCAMENTE

NORMALMENTE
GENTE LOUCA
MENTE
MENTE LOUCA
MENTE LOUCAMENTE
LOUCAMENTE
GENTE NORMAL
MENTE
MENTE NORMAL
MENTE NORMALMENTE
GENTE NORMAL MENTE
GENTE LOUCA MENTE
GENTE MENTE.

(GENTIMENTE, MENTIU? - O LOUCO)

Esse poema obteve o 3° lugar no I Festival Mário de Andrade da Poesia Falada, em 22 de novembro de 1993, na Biblioteca Mário de Andrade em São Paulo-SP. 




PARAFERNÁLIA

A realidade não é real, a vida é arte e a arte esbarra na vida.
Irreverente. A arte é destrambelhada menina louca, maluquinha que só!

A arte me vira de pernas pro ar e ri. Ri a danadinha.

E eu, refém feliz, admito minha Síndrome de Estolcomo!

A arte entrou na minha vida como um furacão, derrubou tudo!
Voou carro, voou vaca e faca! O caos  estabeleceu-se tão forte e tão definitivo!

E não é que eu gostei?!

Fiquei fascinado com essa bagunça. Sentei na frente daquela zorra que virou minha casa!
Minha sala misturou-se ao quarto, minha biblioteca explodiu: voou Brecht, Stanislavski, Boal,  Kafka, Lygia, Drummond, Guimarães Rosa ...
Meus sentimentos, minhas sensações, minhas dores e delícias...

Tudo se misturou, se fundiu e confundiu...

e tudo isso resultou no que sou agora, no que acredito, no que defendo.

E é por isso que amo e sofro. Perco noites de sono e escrevo poemas.
E é por isso e só por isso que a minha vida vale a pena, mesmo que seja às duras penas.

(Vivo feliz minha vida louca e criei até o método parafernálico de Edson Araújo Lima)

03.04.2010 - 02h06min



Anarquia

Minha alma
anarquiza
e não aceita regras nem governos.
minha alma eterniza
esse ser que sou
e ser quem sou
antagoniza com o que quero ser
mas nem sempre.
Às vezes até concorda, sei lá.
Minha alma às vezes azeda
faz careta.
Ô coisa louca é essa minha alma!
10.02.2010

"Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. Sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calmo e perdôo logo. Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre."

Clarice Lispector

CAMINHA COMIGO
NO TEU SILÊNCIO APRENDEREI A TE OUVIR,
E SEGUIREMOS JUNTOS, AINDA QUE CALADOS.
maio/1984






AO NOVO ANO QUE COMEÇA
Minha história
Sua história
está sendo escrita
neste momento.
Ainda que estejamos distraídos!
11.09.1994
(postada em 31.12.2009 - Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo!!!)







É FACIL VER EDIFÍCIOS.
 DIFÍCEIS
SÃO AS SITUAÇÕES 
DESSA CIDADE
EDIFICADA 
SOBRE CONFUSÕES
21.01.1996

(IN) SEGURANÇA
EU TE ASSEGURO
NADA É SEGURO.
2008

Preste atenção

tensão
que
preste?
21.12.2009

CHAT CHATO
MACRO micro
cOnEcTaDo
e-mail celular
notebook
orkut, twitter
papo virtual solidão real
vida programa obsoleto?
Julho/2009

AGORA NESSE INSTANTE JÁ

SOU AQUILO QUE SOU E CAMINHO PARA A MELHORA TENHO TIDO DIAS DE FEBRE LOUCURA INTENSA MAS TAMBÉM SINTO BRISAS LOUCURA LEVE (MESMO SEM ERVAS).
A VIDA É AGORA E ESSE INSTANTE É ETERNO PORQUE É ÚNICO, ESSE TEXTO É CLARO, MESMO QUE CONFUSO, PORQUE A VIDA É ASSIM. INTENSA, SAGRADA, PROFANA, SILENCIOSA E GRITALHONA, COMPLICADAMENTE SIMPLES, SIMPLESMENTE COMPLEXA!

19.12.2009


"SEREI EU UM POETA DESSE MUNDO CADUCO..."
NÃO, NÃO FUI EU QUEM ESCREVEU ISSO
ESSE TEXTO É DO CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
MEU POETA FAVORITO.


METAMORFOSE

SE CHORO E RIO
AMO E ODEIO
ESTOU BEM E MAL
ASSIM DESORDENADAMENTE

NÃO ME OLHE COMO SE EU FOSSE UM LOUCO INCONSEQUENTE
NÃO SOU UM OTIMISTA, ENTREGUE A UTOPIAS
NEM OLHO A VIDA COMO UM MAR DE ROSAS
CEGAMENTE

NEM SOU UM PESSIMISTA RADICAL
QUE VÊ A VIDA COMO UM EMARANHADO DE ESPINHOS
DOLOROSAMENTE

TENHO MEDOS - QUANDO ENFRENTO
SOU CORAJOSO - QUANDO FUJO
RIO MUITO - QUANDO ESTOU TRISTE
CHORO ÀS VEZES - DE FELICIDADE!

VIVO TANTO A CADA INSTANTE!
E MORRO SEMPRE A CADA DIA!

EU SOU
METAMORFOSICAMENTE
TRANSFORMADO-TRANSFORMADOR
TUDO-AO-MESMO-TEMPO-AGORA-E-SEMPRE.

14.12.1994

EU TINHA 27 ANOS, HOJE TENHO TENTADO MELHORAR ESSA LOUCURA VULCÂNICA QUE SOU EU, RSRSRSRS...
"NADA DO QUE FOI SERÁ DE NOVO DO JEITO QUE JÁ FOI UM DIA..."
(TRECHO DA MÚSICA "COMO UMA ONDA" - DO LULU SANTOS)



COM CERTEZA
TUDO É INCERTO
E MEU ERRO
É ESTAR CERTO?
15.12.2009

CRUZAMENTO
A realidade e a arte
Se entrelaçam,
Se estranham,
Brigam,
Rolam pelo chão,
Puxam cabelos...

A arte é sempre espelho,
Transparente
Embaçado
Quebrado
Distorcido
Mas espelho.

A arte mistura-se com a vida
A vida mistura-se com a arte

Aquilo que se pensa,
que se vê,
que se questiona,
que se contesta,
se conquista,

A vida como ela é,
Como deveria ser.

E HÁ SEMPRE A BELEZA.

A beleza da feiúra
Da tristeza,
Da miséria...
Da comédia trágica
E da tragédia cômica.
A feíssima beleza artística
do incesto em Nelson,
da violência em Plínio,
da marginalidade em Mário.

(E ao último, Mário, atingido pela violência no dia 05.12.2009 e em recuperação no hospital,
minha homenagem e meus pensamentos positivos.)
07.12.2009


Poeta Insone
A solidão me fez um laço,
Caí.
A insônia me convidou,
Fui.
A madrugada chegou,
Levantei.
A poesia me pegou,
Poetei.
26.11.2009 – 05:18min


Retorno
Quero que você se exploda
Se ferre
Se queime
Se quebre.

Quero que você se fira
Se lasque
Se arranhe
Se dobre.

Quero que você definhe
Se foda
Se arrebente
Se estrepe.

E depois retorne
Rapidamente
Inteiro.
Deite-se ao meu lado
E me ame.
26.11.2009



Choque
Tomei um choque de realidade
Quando enfiei o dedo na tomada
Da saudade que me deu de você.
E após um rápido grito
Voltei pra mim mesmo e te esqueci novamente
Até amanhã.

26.11.2009

Sangue Quente
O sangue corre em minhas veias estradas
Carros velozes e selvagens
Ultrapassando caminhões velhos
O sangue corre em minhas veias
Velhas amigas companheiras amantes
Bebendo cervejas quentes e wiskys baratos
Sem pedras de gelo
Cawboys covardes correndo do touro
Sendo montados em arenas empoeiradas
Maculadas por sangue de corajosos
De coragem inútil e tosca.

O sangue corre em minhas veias
Quente fervente ácido
E doce como beijo
E amargo como assassinato!
O sangue corre em minhas veias
Vivo pulsante e louco!
Sangue! Sangue! Sangue!
Sangue, Iago, Sangue!
26.11.2009

Inexistência Total
Não existe realidade alguma.
Só existem as sombras dos que vemos passar fora da caverna.
Não existe paz alguma.
Só existe aquele momento em que caímos extasiados após o amor.
Não existe amor algum.
Só existe aquela vontade de morrer quando imaginamos ele com outro.
Não existe felicidade alguma.
Só existem aquelas gargalhadas que damos nos bares.
Não existe poema algum.
Só essas palavras rasgando nossas entranhas e saindo estranhas.

26.11.2009




Desejo de festa
Fui invadido por um desejo de festa
Quero fazer festa
Pode ser num bar com amigos
Na cama com um amor
Numa praça com os mendigos
Numa praia com os turistas
Numa igreja com os pastores, padres, sei lá

Pode ser num kitchnet com cinco pessoas
Ou na Avenida Paulista com cinco milhões

Quero festejar
Meu aniversário, minha dor de dentes
A saudade da juventude
A chegada da meia idade
O reencontro com um amigo que não via há quinze anos
O encontro com novos amigos que fiz há quinze minutos
Os alunos, os ex-alunos,

Pode ser com pessoas super bacanas
Ou com pessoas enjoadinhas

Quero festejar a vida e a dor
Pode ser que dure uma hora apenas
Vários dias e anos, não sei
Só o que sei que hoje, agora
Estou muito afim de festejar...
Sei lá nasceu assim repentinamente.
Esse maravilhoso desejo de festa.

02.12.2009



Dedico este trecho do blog a todos os meus amigos da roda de leitura
GUIMARÃES ROSA
no IEB/USP
02.07.2010
LEMBRANÇA AFETIVA D’ESTAS ESTÓRIAS
(todos esses poemas são inspirados no livro Estas Estórias de João Guimarães Rosa)


















Inspirado no conto “A simples e exata estória do burrinho do comandante

Agarrei a paisagem
E dela não larguei.
Povoou meus sonhos, me deu viagens…
Esses rios, essa gente.
Esse Brasil igualdiferente.
Depois de Guimarães
Nada será como antes.
Sempre me lembrarei de burrinhos e de comandantes.


Inspirado no conto “Os chapéus transeuntes

Vovô Barão moribundo, quase jazido, jaz-ido.
Vovó Olegária, jaz… falecida, morta mesmo.


Ele a voz, ela o ouvido e a contestação delicada e firme.

Um certo orgulhoso Ratapulgo, o Bugubu.

Um pretensioso tio Nestorionestor,
conhecido também como Nestornestório.

Um certo atento e mudo Ratapulgo, o Bugubu.

Drina, Drininha
A prima, priminha.

E um certo firme e decidido Ratapulgo, o Bugubu.

Eram tantos e tantas confusões:
Osório Nelsonino, Bayard Metternich Aristóteles, Pelópidas Epaminondas,
Noé Arquimedes Enéias ou Nearquenéias ou Nó, Amélia Isabel Carlota,
Clotilde de Vaux Penthesiléia, Cornélia Vitória Hemengarda,  Teresa Leopoldina Cristina 
E é claro, não poderia faltar Cícero M. Mamões, dito o “regabofe”.

Eram tantos Pereiras, Serapiães e Dandrades.

Todos de chapéus. 
Chapéus Transeuntes.
E vovô Barão deu a ordem do dia:

- Copule-se.

E entenda quem quiser.




Inspirado no conto “Com o vaqueiro Mariano” e “A estória do homem do Pinguelo


Vaca vaqueiro
Mariano
Vaca vaqueiro
Mariano
Ê boi…
"...Vaca negra – a noite, vaca."*
“...E a noite, para lá da minha janela, tinha hasteado estrelas…”*
“...Ninguém era dono desse silêncio…”*

*** (trecho dos contos)

Inspirado no conto “Meu tio o Iauaretê

E dentro de mim
quietinha
Mas sempre pronta: a onça.

E a solidão
Em silêncio a chama.

Siu! Silêncio, solidão!

Hum? Eh-eh…
Parente meu é a onça.

E de vez em quando o parente visita,
E nem sempre agrada.

Mas é parente, par-ente!

A onça a onça a onça e eu.

Inspirado no conto "Páramo"

Páramo
O Páramo misterioso e silencioso
Às vezes vive em mim,
dentro de mim.

E alguma palavra silenciosa e negra
como a noite sem estrelas
Povoa meu interior.
E grito, sem nenhum som
E se som tivesse
Não teria tradução nem significado.

O Páramo dentro de mim.

Esquinas silenciosas, ruas totalmente vazias,
Transitáveis e tristes.

Um silêncio amedrontador
Mais uma vez me ensurdece.

O Páramo dentro de mim.

E diante de mim, a montanha…

Eu ultrapasso a montanha. 
Ela fica para trás.
E eu sigo em frente.
Eu sempre sigo.

“Tenho o temor de ver montanhas, o dever de escalá-las me atormenta…”*

“…O mais-fundo de mim mesmo não tem pena de mim;
E o mais-fundo de meus pensamentos nem entende minhas palavras…”*

** Trechos do conto Páramo de Guimarães Rosa










EDSON ARAÚJO LIMA – 02.07.2010




















Madrugada Rosa

Uma crônica(?) escrita graças à minha insônia crônica

O sono é um menino rebelde. Desses adolescentes que ouvem a ordem da mãe "Te quero de volta às dez horas" e saem tranquilos e saem nas noites quentes, ainda que no inverno, graças aos conhaques, vinhos baratos, cervejas e beijos-de-até-nunca-mais-te-vejo!
E o menino rebelde volta às quatro, cinco, como e quando quiser. É rebelde o rebento!
Então vejo-me ao lado das minhas companheiras inseparáveis - cometo a bigamia - casei-me com a Insônia e com a Solidão.
Nesses momentos, a poesia me pega e é "de ferro a roda dentada dela", como aprendi com Lucélia ou seria com Adélia? Ou vice-versa.
Olhando para cima e não vendo o teto escuro do meu quarto de solteiro convicto(?), mergulhei, hoje, no Rosa.
Se é grande a noite, maior é o GRANDE SERTÃO VEREDAS.
Vi-me diante de Diadorim* e seus olhos brilhantes e destemidos, cheios de novidades. Ô diabinho sedutor!
Vi o grande sertão, poeira, bege,marrom, amarelo terra, carmim e encarnado. E o verde dos olhos de Diadorim! Sempre ele, o diabinho...

"Agarrei a paisagem".**

Olhei ao meu lado esquerdo e lá estava a "Mula-Marmela, a benfazeja. Furibunda de magra, de esticado esqueleto, com dores nas cadeiras e andando meio se agachando. Vi ao seu lado o grande e forte cego Retrupé"***. Caminhavam lentamente com seus destinos, sentenças, mistérios, sua cumplicidade adquirida. E a canequinha com moedas!

E vi o burrinho na água****. Êta confusão gostosa que me fez chorar. De rir.

Na parede direita, na escura madrugada Rosa, estavam Vovô Barão e Vovó Olegária, diante dos seus quadros-terapêuticos. Numa interminável sessão de casal. Mais risos.

E um certo Ratapulgo e Drininha, sozinha.*****

Perdi-me nesse mar, nesse Rio São Francisco e seus afluentes, agora influentes na minha vida, como nunca foram nos tempos de Geografia de Colégio.

São 4h55min da manhã e eu estou aqui alerta.

A letra quer sair, formar palavras, quer brincar, faceira, danada, travessa e rebelde como o meu menino sono que ainda percorre caminhos e descobre mundos.
.................................................................................
Fui apresentado ao Rosa, como prefere que o chamem a filha dele, que conheci pessoalmente enfeitada de elegante chapéu verde, cheia de emoção, simpatia e histórias.
Sim, precisei passar dos quarenta anos de vida para ser assim agraciado.
Faço agora, confesso, parte de uma "seita".
Nela o ritual nada secreto, bem aberto na verdade, é o seguinte: "Sentemos e leiamos as palavras do Mestre".
Pessoas simpáticas e generosas me levaram até o mestre: Dieter, Rosa Haruco, Elisa e antes Lucélia.

Ah, "Estas Estórias"!

Agora, às quartas feiras em noites enluaradas de poesia, faço viagens.
O lugar é arborizado, misterioso. Repleto de jovens. Alguns parecem malucos, divertidos, cabeludos e sempre atraentes... Estudantes.

O lugar chama-se USP.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, que para mim sempre foi como uma mulher inteligente, atraente e proibida.
Algo como Dona Beija misturada à Cora Coralina, Adélia Prado e Florbela Espanca, sei lá...
Numa pequena sala do IEB, encontro pessoas cultas, simpáticas, discretas e que vão revelando aos poucos sua sabedoria, contando causos, esclarecendo mistérios, que para mim são jóias preciosas.
E nos entregamos ao ritual. LEMOS A OBRA DO MESTRE. ..................................................................................
Eis que às 5h o menino parece bater à porta.
E a cama quente parece convidar-me.
 ...................................................................................
CONFESSO QUE MINHA INSÔNIA, COM O ROSA, TEM SIDO MUITO MELHOR ACOMPANHADA.
A SOLIDÃO NÃO ESTÁ MUITO SATISFEITA NÃO E ATÉ ME FAZ CARETINHAS.
- DEIXELA!
PRONTO, JÁ GOSTAVA ANTES, AGORA MERGULHEI NESSA COISA DE NEOLOGISMOS.
- NINGUÉM ME SEGURA!
.............................................................................................................................................
- Olá, menino sono, demorou tanto a chegar. Mas chegou em boa hora, terminei minha crônica.
.............................................................................................................................................

* Personagem do livro Grande Sertão Veredas, que confesso, nunca li todo.

** Trecho belíssimo do conto A simples e exata estória do burrinho do comandante.(Estas Estórias)*** Personagens do conto A benfazeja.(Primeiras Estórias)

**** Personagem do conto A simples e exata estória do burrinho do comandante.(Estas Estórias)

***** Personagens do conto Os chapéus transeuntes.(Estas Estórias)

Obs.: Não tive a mínima condição, a essa hora, de fazer revisão.
16.04.2010 - 5h29min

CONFESSO: ANDO APAIXONADO PELO GUIMARÃES ROSA
Leia só isso:
"O VENTO LAMBIA O CAPIM, COMO SE ALISA UM GATO."
Não é fantástico?
(Trecho do conto " Com o vaqueiro Mariano")

Nenhum comentário:

Postar um comentário