segunda-feira, 11 de março de 2013


Escrevi esse poema e, imaginei Renata Cesar declamando-o LINDAMENTE numa peça, num sarau, enfim...

Amnésia 
Olho nesse espelho e não me reconheço. Não conheço esses olhos nem esse olhar. Não reconheço essas marcas na pele.
De quem é esse cabelo, essas orelhas?
Esse nariz não me é familiar, essa boca estranha, esses dentes, esse queixo...
Não reconheço esse estranho que me olha. Assusta-me seu olhar questionador a me perguntar:
- Lembra-se de mim?
Não. Grita minha alma. E o silêncio faz eco.
E percorre toda a sala, como se essa tivesse se transformado numa enorme montanha,
Um cânion dentro de mim.
Um enorme vazio entre montanhas de dúvidas.
Que história é a minha? Quem me escreveu? Quem me desenhou ou descreveu?
Alguém me entendeu? Alguém me deu a mão?
Quais caminhos eu fiz?
Caminhei? Tropecei em degraus?
Acreditei? Fui acreditado? Traí? Fui traído?
Fiz perguntas? Calei-me? Gritei?
Meus gritos foram ouvidos? Fizeram eco?
Minhas perguntas encontraram respostas?
Entreguei o fogo aos humanos, como fez Prometeu?
Minhas ideias fizeram seguidores?
Ou congelei-me incompartilhável e mesquinho?
Dividi-me e doei-me.
Ou guardei-me em gavetas emboloradas?
Quem é esse me olha do outro lado? À minha frente!
E ao meu lado quem estará?
O que é tempo? E a memória? O que é essa existência?
Existência há?

Edson Araujo Lima
12.03.2013 - 2h20min

(uma das minhas maiores pesquisas é essa: a interna, a eterna...)

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